O termo “World Wide Web” (vulgo dáblio dáblio dáblio) já foi
um dia e até bem pouco tempo atrás, sinônimo de um espaço de aproximação
global, conectando computadores (e, por consequência, pessoas) de todo o mundo.
Não vou me estender aqui sobre como a Internet mudou (e
ainda continua mudando) o planeta.
Contudo, na era do compartilhamento, com a evolução da tecnologia, já
não é mais tão fácil olhar o quintal do seu vizinho do outro lado do mundo,
especialmente se você está interessado em conteúdo multimídia.
O que começou como um recurso para colocar a bandeirinha de
um país no campo de endereço do browser, hoje se transformou numa guerra de
fronteiras onde a “web” não é mais tão “world” assim.
Ao acessar um site fora de seu país, você provavelmente já esbarrou
em algo parecido com “este conteúdo não está disponível para sua região”. Isso
começou com vídeos, mas está se disseminando para vários tipos de conteúdo.
Eu sou um dos maiores defensores da privacidade que eu
conheço. Num cotidiano onde postar no Twitter “estou na casa da vovó” ou tirar
uma foto do próprio pé e colocar no Instagram (ou pobregram, neste caso), eu
prefiro tornar público apenas o que não considero privado (isso parece óbvio,
mas não é).
Contudo, também sou um dos mais hostis inimigos da
hipocrisia. Se você, espontaneamente colocou algum conteúdo na web, e este
conteúdo não é um produto de seu trabalho que você está comercializando, ou é
privado por razões legais, este conteúdo é público.
Agora existem “guardas de fronteira” na Internet, criando
uma espécie de “segregação” disfarçada. O grande pretexto é o “conteúdo
personalizado”.
Se você tentar acessar um site da Samsung fora do Brasil,
sem saber exatamente o endereço externo – e às vezes nem assim – você vai ser
redirecionado (jogado) de volta ao site brasileiro. E daí que o software que
você precisa, livre para download, só existe no site americano?
Se eu clico num resultado de busca no Google, ele me oferece
para traduzir a página. Se eu não estiver conectado com uma conta Google ele
irá me oferecer isso várias vezes, mesmo que eu desative para o idioma cuja
tradução me é oferecida. E daí que a tradução é de péssima qualidade?
Se eu quero assistir um vídeo no Youtube, eu recebo a
mensagem de que o idioma foi escolhido para mim.
Percebem? Eu - ainda - posso escolher as opções que eu
prefiro. Mas somente depois que uma
opção foi escolhida para mim. Empresas como Google, Microsoft, Facebook estão gentilmente direcionando sua navegação
na Internet.
O novo Windows 8 tem todos os seus recursos integrados a uma
conta Microsoft (inclusive a plataforma de jogos XBOX). O mesmo que a conta
Google já faz há algum tempo, só que agora no seu computador, na sua casa. A
quantidade sites que oferecem o login “mais fácil” com a sua conta Facebook,
fazem o mesmo para a rede social.
Quando você menos espera, o seu novo cadastro em um site que
você acabou de fazer já tem sua foto, seu email, suas preferências, amigos...
O uso comercial de tudo isso não é a parte que me assusta.
Mas a cada dia que passa, ao se conectar á Internet, você está diante não de um
mundo de informações interligadas, mas de uma gaiola totalmente personalizada,
onde as grades são invisíveis e o conforto é, aparentemente, imenso.