21 julho 2007

Bunker

Estou começando uma nova jornada. Recolho pedaços de mim. Vou ao passado, em busca de sentido, e não encontro. Tudo é uma imensa mancha, pontilhada de pequenos instantes que reconheço como memórias.

Transformo aos poucos minha mente numa muralha, meu coração numa fortaleza inexpugnável. Dentro dela, ele sofre, arde, chora, pulsa fraco, agoniza. Angustiado, mergulha em lágrimas secas, queima em fogo sem chama.


Nada ultrapassa o abismo do fosso em volta da fortaleza. A luz chega pálida e embaçada, pois o céu é uma vidraça à prova de balas, tijolos, mísseis e radiação. Um dia , as portas vão se abrir. Por enquanto, o tempo anestesia.

O corpo ainda se ressente, mas se alimenta e descansa. As dores ainda permanecem, mas não tão intensas.


Prossigo na busca de quem sou. Seja quem for, não serei o mesmo. Quem eu for, jamais passará por isso de novo. É uma promessa.

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