29 abril 2007

Happy Feet?


Assisti ontem a Happy Feet...é muito divertido (tirando o fato de que as distribuidoras acham que Full Screen é melhor para o Brasil). Mas o grande impacto do filme pra mim é a proporção em escala dos animais para o "elemento humano", vamos chamar assim. O desastre ecológico, as cidades, os navios são exibidos de maneira gigantescamente grandiosa, em comparação aos pinguins. A fábula termina bem , é feliz. Mas por um momento, a realidade se estabelece, mesmo contra a vontade, e você é obrigado a se ver como parte da raça responsável pela catástrofe que se avizinha, mais rápido do que todas as previsões.

E aí, o que você vai fazer?

25 abril 2007

A day in my life


Acordo. A mente luta para obrigar o corpo a sair da cama, ao mesmo tempo em que , nos bastidores, se lembra que é para se dirigir a um trabalho horrível, onde o aviltamento é a palavra de ordem todos os dias. Poderia ser uma empresa privada, mas é pública. Estadual.

Com meia hora de atraso a luta termina, e após colocar o café na mesa para compartilhar a companhia de minha esposa, tomo um banho, a cama me chama em pensamento, mas eu resisto. Me apronto, ela hoje saiu antes de mim, depois eu também saio.


Os dois ônibus que me servem acabam de deixar o ponto, claro. Aguardo uns dez minutos e entro num ônibus...cheio. O sol refletido no vidro me impediu de ver o interior. Esse novo tipo de condução está relacionado à minha desistência de utilizar o metrô como meio de transporte, como descrevi em outro post.


No meio de Haddock Lobo (saí da praça Saens Pena) consigo sentar. Respiro, e relaxo um pouco com o balanço, mas logo o calor começa a incomodar. Mas, ei...estou sentado. Demora mais, mas é um mínimo de conforto.


Chego ao trabalho. O desânimo toma conta, o andar já é arrastado. Estou indo pra cadeia. O elevador milagrosamente está funcionando. Chego à minha sala/cela. Tenho bons colegas de trabalho no setor, inclusive meu chefe. Trocamos amenidades.


Espero o tempo passar. Não há nada em que eu possa ajudar hoje. Tomo coragem para almoçar por volta das 11horas. Cedo? não. Odeio almoço com fila, chego pouco depois que o restaurante a quilo abre, pelo menos como com tranqüilidade.


Perco meu tempo em frente à uma banca de jornal, coisa que faço desde garoto, e acho que continuarei fazendo enquanto houver bancas de jornal. Boa perda de tempo, sempre.


Deposito um cheque no banco. Dei muita sorte, não tinha fila. Foi rápido.


De volta ao complexo penitenciário. O ar condicionado é uma benção, não posso negar. Ajudo uma colega
com o Power Point. ando de um lado para o outro. Deito um pouco no sofá estrategicamente escondido para essas ocasiões. Acreditem , todas essas vantagens eu trocaria por um emprego com menos vantagens e mais digno.


Meu chefe me libera mais cedo. Alguém está zelando por mim hoje, ou alguém esqueceu de me atazanar hoje, mas o resultado é bom.


Pego o metrô (para voltar é possível, dependendo da hora) e venho em pé, mas rápido. Agora só falta a travessia até em casa. Passo pela esquina da General Roca, me desviando de uma dezena de panfletistas (essa propaganda deve ter muito retorno, ou isso é algum esquema da bandidagem) e umas 3 barracas de amendoim confeitado (tb deve estar vendendo muito). Paro na minha banca de jornal pessoal (a que escolhi para fazer amizade com o jornaleiro) mas não há nada para levar hoje.


Prossigo e compro requeijão (com gosto de queijo, acreditem ainda é possível, por aqui), compro banana no hortifruti, avanço até depois da minha rua, onde tem uma padaria razoável e compro alguns pães e um doce. O supermercado já passou, mas eu compro no açougue careiro o papel higiênico e um pacote de café pra quebrar o galho.


Chego em casa, mais amenidades com a faxineira que está saindo. Guardo as compras e sento em frente ao computador, e começo a escrever este longo post.


A sombra que acompanha esta narrativa é a que me acompanha nesta rotina, e eu brigo com ela diariamente, para que ela não me domine, e uso minha energia para trabalhar em meus projetos secretos que irão transformar tudo isso. Eu já venci, só estou no local errado do tempo. Já, já, minha percepção quântica me leva pra vitória.

18 abril 2007

Representantes da Espécie



Quem tem tv a cabo já deve ter esbarrado em um programa do canal People+Arts, chamado Extreme Makeover. Em poucas palavras, famílias com problemas de moradia, condição financeira, doenças, etc., que causam algum tipo de sofrimento familiar, enviam pedidos ou são indicadas por outra pessoas para o programa. Sendo escolhida, a família ganha, em 7 dias uma reforma completa, quando não uma casa absolutamente nova, erguida do zero, com todo o conforto e mobília imagináveis, tendo ainda ambientes temáticos projetados pelo time de designers.

Mas essa não é a melhor parte. Algumas histórias, mesmo consideradas as diferenças culturais, andam me fazendo acreditar que há alguns seres humanos dignos de ostentar o nome da espécie.

O que dizer de uma mãe que doa tecido medular para salvar a vida de uma criança? E o que dizer da mãe da criança que recebeu o transplante pedir, não para si, mas para a doadora, uma casa nova do programa?

O que falar de Kassandra Okvath, uma criança que após um problema de câncer nos rins, que desestruturou sua família, pede ao programa que pinte as paredes do hospital onde recebeu tratamento, porque "às vezes é a última coisa que eles vêem"?

Só há uma coisa a dizer. Sou extremamente grato por vocês existirem. As lágrimas que verto ao escrever agora, me dão alento e esperança. Mesmo que para poucos.

13 abril 2007

Vê se aprende , "cerumano"!


Estou lendo um daqueles livros que vira citação pra própria vida. O autor, Joe Dispenza, é um dos cientistas presentes no DVD que virou moda entre o pessoal esotérico (apesar de ser baseado, fundamentalmente em física quântica).

Este livro é uma chance para todo "cerumano" e para os seres humanos que sabel ler em inglês de dar um jeito na própria vida usando seu cérebro. Neurofisiologia, ou melhor Psiconeuroimunologia, para leigos.

Transforme os processos químicos que o levam a ser um viciado emocional em comandos para ter uma vida criativa e mais saudável.

Dica dada. Aproveitem.

09 abril 2007

Trabalho e Dignidade

Não parece um título de Campanha da Fraternidade (aliás, já repararam como essa campanha sumiu da mídia?)? São palavras que deveriam ser interligadas, como se uma não pudesse existir sem a outra.

Não poderia ser mais diferente. Com a globalização da exploração e sendo este país um curral de mão de obra barata, a dignidade no trabalho é um privilégio de poucos. Em geral , as condições são as piores possíveis, ainda mais no setor público, onde os desígnios e desmandos seguem critérios espúrios ou psicóticos de sonhos de poder incomensurável.

Para que um trabalhador dê um basta e recuse essas condições, é preciso encarar o desemprego, por um período imprevisível. Subsistir (além do que já ocorre) é correr o risco de perecer. se tiver família, nem pensar.

O limite de resistência dos que trabalham e acham que não tem poder parece interminável. É assustador. Reparem que não falo do peão de obra apenas. Falo de todos, inclusive os gloriosos jovens universitários.

Para que as escolhas sejam feitas, é preciso correr riscos. Mas é bom lembrar que não se arriscar também é uma escolha. Ela pode ser mortal. Mais uma das formas de morte em vida.

07 abril 2007

Como diria Jim Gordon...

Na obra "O Cavaleiro das Trevas 2", O Comissário Gordon diz, no final seu discurso de "aposentadoria", "nós precisamos do Batman". Puxa. Nem eu diria melhor.

Mais do que nunca, o mundo realmente precisa de um psicótico com as qualidades e recursos do Batman. Não o da TV dos anos 60. Mas o Dark Knight dos anos 80. Uma HQ assustadoramente atual. Principalmente nas entrelinhas. Frank Miller, o gênio, usa o Batman como pano de fundo para contar, no pano de fundo, como as pessoas, os "cerumanos" se influenciam pela mídia ou se entregam e desistem de pensar, de como perdem o respeito por si mesmo e pelos outros. Como cada um de nós pode acessar seu próprio Batman interior.

Leiam ou releiam o cavaleiro das trevas...aproveitem que a Conrad lançou o que chama da "edição definitiva" nas bancas. leiam principalmente a parte que fica nas entrelinhas. É sobre nós. Infelizmente.