11 dezembro 2012

Tudo que é bom dura.


Outro dia um amigo meu reclamou no Facebook da qualidade das atrações musicais do "Domingão do Faustão". Eu respondi falando sobre a qualidade do próprio programa e outras coisas mais. Mas fiquei intrigado.

Será que eu estaria ficando velho e intolerante com as novidades musicais? Em parte, talvez. Posso mencionar um ou outro vocalista, grupo ou banda mais recente... Mas a maioria só de nome. Faz tempo que não ouço rádio que não seja jornalística. As estações “musicais” tocam muita bobagem, tem muitos anúncios e pouca música – ou então é uma rádio que tem alguma programação especial.

E das poucas vezes que ouço não me arrependo de não o estar fazendo. E o mal atinge ambas as MPBs (Música Popular Brasileira - e Britânica, segundo meu amigo acima). Mas consideremos alguns fatos

Quando eu tocava na noite, percebia um processo bastante comum. O público (daqui pra frente estou sendo bastante parcial e genérico com a palavra público) quer ouvir suas músicas preferidas, não importa se quem as executa é um exímio músico profissional, ou se é alguém que decorou a versão simplificada do arranjo ou desafina ou não sabe a letra. Contanto que algum som seja familiar, o público aplaude e fica feliz.

Os sucessos de massa (que atingem uma porção maior do “público”) são melodias ou ritmos de fácil assimilação e reprodução. Se associados a qualquer conotação sexual, o contágio “viral” é exponencialmente elevado. A qualidade quase nunca está em jogo, e sim a diversão. Todo mundo dança igual e  canta igual ao fenômeno da TV. Repetir “ad infinitum” até o próximo hit tornar o anterior obsoleto.

Todos esses sucessos tem uma fórmula. Escolha um gênero, pegue os módulos (clichês) e adicione ritmo e - se você tiver sorte - alguma melodia. Pronto, sucesso instantâneo.
E porque é sucesso é bom? Como sempre, gosto é discutível, mau gosto cada um tem o seu. Na maioria das vezes, creio que não.

Juntemos a isso a facilidade que se tem hoje de se utilizar um computador para gravar, editar, filmar e tornar público seu lado músico/cantor. Isso é fantástico para os novos talentos. Infelizmente, para o novo lixo também.

A aceitação de qualquer um (ou todos esses produtos) só se revela como um analisador da profunda estagnação do raciocínio e a alienação do ser humano como um ser pensante, e sua adequação ao “status quo” de “vaca de presépio”. Um outro amigo teorizou uma época sobre o “gen gado” que se ativa nas pessoas suscetíveis a esse tipo de manipulação, referendado por elas mesmas. Nem toda droga é do tipo ilícito.

O mais interessante é que música e ritmo são meios de comunicação tão universais, que as mesmas pessoas que boa parte das pessoas que ouvem o “lixo”, também são capazes de assistir em silêncio uma orquestra sinfônica ou música de qualidade, produzida e executada por músicos de talento.

Os bons músicos, os que não têm espaço no programa de domingo, os que não tocam nas rádios, operam nas trincheiras, e tem seu público cativo.


E aqui, que não se confunda bons músicos com músicos “da antiga”, mas da competência. Nem tudo que é antigo é bom como nem tudo que é novo é uma droga. Mas o que é bom dura. Resta aos novos bons provarem que irão durar tanto quanto os antigos bons. Não é uma tarefa fácil, porém, também não é uma tarefa impossível.

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